segunda-feira, 25 de outubro de 2010

AMBIENTE TECNOGÊNICO

A elaboração deste texto se deu a partir de partes retiradas do artigo escrito por alunos da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente. Neste podemos observar os conceitos e exemplo de um ambiente tecnogênico.

“A ação humana no ambiente em que vive e no qual utiliza para diversos fins, tem resultado na transformação das características originais de diversas paisagens. Com o reconhecimento desta capacidade humana, vários estudos e abordagens surgiram no sentido de verificar o grau de modificação da natureza, bem como a proposição de soluções para os possíveis problemas decorrentes destas ações.
Neste cenário, começam a surgir trabalhos no Brasil, a partir da década de 1990, onde o ser humano é considerado como agente geológico-geomorfológico, através de estudos referentes à abordagem tecnogênica.
Os objetos principais de estudo desta abordagem são os depósitos tecnogênicos, que são testemunhos da ação humana num determinado ambiente. Nos depósitos são encontrados, com freqüência, artefatos manufaturados, através dos quais é possível a análise da ocupação humana no local.
Os depósitos tecnogênicos são formados em ambientes urbanos e rurais, de acordo com o uso do solo. Com a observação de determinadas características, como o material constituinte, é possível a classificação destes depósitos, como pode ser observado abaixo:

1- Materiais “úrbicos” (do inglês urbic): tratam-se de detritos urbanos, materiais terrosos que contêm artefatos manufaturados pelo homem moderno, freqüentemente em fragmentos, como tijolos, vidro, concreto, asfalto, pregos, plástico, metais diversos, pedra britada, cinzas e outros, provenientes por exemplo de detritos de demolição de edifícios.

2- Materiais “gárbicos” (do inglês garbage): são depósitos de material detrítico com lixo orgânico, de origem humana e que, apesar de conterem artefatos em quantidades muito menores que a dos materiais úrbicos, são suficientemente ricos em matéria orgânica para geram metano em condições anaeróbicas.

3- Materiais “espólicos” (do inglês spoil): materiais escavados e redepositados por operações de terraplanagem em minas a céu aberto, rodovias ou outras obras civis.
Incluiríamos aqui também os depósitos os depósitos de assoreamento induzidos pela erosão acelerada. Seja como for, os materiais contêm muito pouca quantidade de artefatos, sendo assim identificados pela expressão geomórfica “não natural”, ou ainda por peculiaridades texturais e estruturais em seu perfil.

4- Materiais “dradagos”: materiais terrosos provenientes da dragagem de cursos d’água e comumente depositados em diques em cotas topográficas superiores às da planície aluvial. (FANNING & FANNING, 1989, apud PELOGGIA, 1998, p. 74)

A construção do Conjunto Habitacional Jardim Humberto Salvador auxiliou para diminuir o déficit habitacional da Cidade de Presidente Prudente, sendo que mais de duas mil famílias foram beneficiadas. Entretanto, com a divisão dos lotes e posteriormente com as construções, alguns aspectos não foram considerados, entre eles a deposição adequada de materiais diversos e a preservação dos cursos d’água.
Como pôde ser observado nos primeiros trabalhos de campo, houve a deposição de materiais descartados nas planícies aluviais e, até mesmo, no interior de feições erosivas presentes nas áreas adjacentes próximas ao conjunto habitacional. Portanto, além do aumento do escoamento superficial da água, devido à impermeabilização do solo, acarretando processos erosivos nas vertentes próximas ao loteamento, ocorreu também o transporte e deposição de diversos materiais tecnogênicos nas áreas adjacentes, denominados, segundo a classificação mencionada anteriormente de Úrbicos e Gárbicos.
Os pontos de coleta dos depósitos foram escolhidos em campo, de acordo com as características de intervenção reconhecidas. O primeiro ponto possuiu como referência uma voçoroca próxima à planície aluvial assoreada. Parte do material encontrado foi reconhecido como transportado das áreas à montante, devido à observação de camadas com materiais sedimentares, típicos de intervenção humana. Este depósito apresentou sete camadas diferentes. Já o segundo ponto apresentou como principal característica o reconhecimento de quatro camadas, das quais a segunda e a terceira apresentaram em seu interior materiais de construção provenientes dos bairros próximos ao local.
Desta forma, os resultados preliminares desta pesquisa apontam para o reconhecimento do ser humano enquanto agente capaz de alterar as características dos ambientes, durante o transcorrer do tempo curto, muito menor em comparação com o tempo longo decorrente dos agentes da natureza. Outro aspecto foi a observação dos efeitos negativos ocasionados na área de estudo, tais como: a diminuição sensível do volume de escoamento superficial, a contaminação superficial e de subsuperfície dos mananciais local, o risco de contaminação da água do aquífero suspenso, e o aceleramento de processos erosivos, como as voçorocas presentes no local que acabam servindo de depósito para materiais descartados.”

Fonte: http://www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/resumos_expandidos/eixo11/007.pdf

ALICE MARTINS PAPINI - ARQUITETURA E URBANISMO - 4° PERÍODO

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